Surgidos no séc. XIX depois dos Panoramas e antes do Diorama, os Cosmoramas, ou ‘Vistas do mundo’, foram os espectáculos ‘orama’ mais longevos e os únicos com oculares para o público espreitar. Decorrentes dos peepshows dos recintos de feiras, os Cosmoramas instalaram-se em salas de exposição no centro das cidades, exibindo pinturas dispostas atrás de paredes e que podiam ser observadas através de lentes. O Cosmorama foi o primeiro local comercial a oferecer esse tipo de experiência de espreitar para ver imagens.
Inicialmente também designado como um ‘espectáculo de curiosidades’, o Cosmorama era uma elegante galeria de pintura criada em Paris, em 1808, pelo clérigo italiano Jean-Antoine-Henri-Eugène Gazzera. Localizado nas galerias de madeira do Palais Royal, o Cosmorama foi anunciado como um ‘passeio pitoresco à volta do mundo’, apresentando mais de 200 pinturas com ‘os monumentos e locais mais notáveis do mundo moderno e antigo’. Estas grandes pinturas (em 1823, depois do Diorama de Daguerre, chegavam a medir 203cm por 121cm) criavam uma grande ilusão de profundidade e imersão devido a uma iluminação especial e às lentes usadas para observá-las.
Cada exposição dos Cosmoramas tinha uma duração entre duas a quatro semanas, garantindo-se assim uma renovação constante das imagens, um dos factores diferenciadores em relação aos espectáculos concorrentes. Após 1832, data do encerramento do Cosmorama de Gazzera em Paris, outros Cosmoramas proliferaram na Europa promovendo uma das primeiras redes de distribuição e exibição de imagens entre países como Espanha, Portugal e Grã-Bretanha. Estas exposições constituem uma parte invisível e negligenciada da evolução dos media ópticos, tendo recebido muito pouca atenção académica em comparação com os Panoramas ou os Dioramas. O projeto de investigação Curiositas está pois empenhado em restaurar a visibilidade dos Cosmoramas na História.
cosmoramas
Em Portugal e em Espanha, os Cosmoramas foram apresentados sob várias designações, o que nem sempre contribuiu para o seu estudo e compreensão.
Em Portugal, a designação mais comum é ‘Cosmorama’, podendo estas imagens ser também apresentadas em Galeria Ópticas ou Espectáculos Ópticos. Outros espectáculos posteriores como o neorama e o diorama, geraram neologismos por aglotinação tais como Cosmoneorama.
Em Espanha as designações mais comuns são Cosmorama, Neorama (nem sempre como sinónimos), Cosmoneorama, Templo de la Ilusión, Viaje pintoresco e Galería óptica.
Os cosmoramas começam a ser anunciados regularmente na imprensa a partir da década de 1830. Para ver alguns desses anúncios consulte a cronologia deste site.